18 de julho de 2009

O barroco à luz da Modernidade: Sor Juana Inés de La Cruz


Sor Juana Inés de La Cruz (1651-1695), escritora barroca Nova-Espanhola (Mexicana) poetisa e dramaturga da segunda metade do século XVII. Em 1695, morreu no convento de São Jerônimo, Nova Espanha ( hoje México). Deixava, para a sociedade da época e para a tradicão literária hispano-americana dos séculos subsequêntes, não apenas uma obra prismatica, composta de poemas, peças de teatro, escritos filosóficos, cartas e discussões teológicas, mas também uma lição de ausadia intelectual e lucidez crítica.
Sor Juana desenvolveu um papel importante na defesa, em pleno século XVII, do direito de as mulheres terem acesso irrestrito aos livros e ao conhecimento. Não bastasse isso, ainda teve a coragem de discutir e desafiar, com uma habilidade argumentativa até então considerada privilégio exclusivo dos homens letrados, as ideias de um dos mais consagrados intelectuais do barroco ibero-americano: Pe Antônio Vieira.

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Poema de Juana Inés de La cruz

Quando meu erro em teu opróbrio vejo

Quando meu erro em teu opróprio vejo,
contemplo, Sílvio, deste amor errado,
quão grave é a málicia do pecado,
quão violenta a força de um desejo.

Mal creio, de lembrar-me ainda me vejo,
que pudesse caber em meu cuidado o
último degrau do desprezado, o termo,
enfim, de mal tomado ensejo.

Eu bem quisera, quando chego a ver-te,
vendo este infame amor, poder negá-lo;
porém logo a razão justa me adverte

de que só há remédio em publicá-lo:
porque do grão delito de querer-te só
é pena bastante o confessá-lo.

Tradução de Anderson Braga Horta.


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