26 de setembro de 2009

A missão da educação para a era planetária

Os seis eixos estratégicos tem como objetivo compreender e sustentar nossa finalidade, fortalecer as atitudes e as aptidões dos homens para a sobrevivência.
Os seis eixos estratégicos-diretrizes são os seguintes:

  • O eixo estratégico-diretriz conservado/revolucionante
É preciso promover as ações conservadoras para fortalecer a capacidade de sobrevivência da humanidade. Conservar as diversidades culturais e naturais, significa preservar a vida. A ação revolucionante conserva nossos patrimônios biológicos, tendo um parâmetro de conservação da vida. A revolução acontece se houver uma mudança de postura.

  • O eixo estratégico-diretriz para progredir resistindo
As atitudes de continuar resistindo contra o retorno persistente e os desdobramentos da barbárie. A ação de resistência inscreve-se no processo de hominização, porque, para que este possa se desenvolva, é preciso resistir à barbárie com objetivo de conservar a sobrevivência da humanidade.

  • O eixo estratégico-diretriz que permita problematizar e repensar o desenvolvimento e criar a ideia subdesenvolvida de subdesenvolvimento
O subdesenvolvimento dos desenvolvidos é subdesenvolvimento
moral, psíquico e intelectual. O desenvolvimento dos fragmentos suscita o subdesenvolvimento. A ideia do desenvolvimento é o subdesenvolvimento, porque não vê o homem como o ser humano, mas sim, como uma coisa. O subdesenvolvimento ignora as eventuais virtudes e riquezas das culturas milenares. Quando não há uma ética o desenvolvimento fica sendo subdesenvolvimento.

  • O eixo estratégico-diretriz que permite o regresso (reinvenção) do futuro e a reinvenção (regresso) do passado

As sociedades tradicional vivem seu presente e seu futuro sob o resplendor da idade dourada de seu passado. Nas sociedades modernas, a relação passado/ presente/futuro, vivida de modo diferente segundo os momentos e segundo os indivíduos, foi ocorrendo uma degradação em detrimento de um futuro hipertrofiado. Em todo lugar, a relação viva passado/presente/futuro encontra-se ressecada, atrofiada ou bloqueada. Em consequência, torna-se necessário revitalizar essa relação, respeitando as três instâncias sem hipertrofiar nenhuma delas. A relação com o presente, com a vida e a felicidade não deveria ser sacrificada em nome de um passado autoritário ou um futuro ilusório.

  • O eixo estratégico-diretriz para a complexidade da política e para uma política da complexidade do devir planetário da humanidade

A educação terá de facilitar a percepção e a crítica da falsa racionalidade da política. Essa falsa racionalidade gerou a multiplicação dos subúrbios pauperizado, a construção de novas cidades isoladas no tédio e rodeadas de sujeira, degradação, incúria, despersonalização e delinquência. A inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, desunida, reducionista da gestão política unidimensional destrói o mundo complexo em fragmentos desunidos, fraciona os problemas, separa o que está unido, unidimensionaliza o multidimensional.

  • O eixo estratégico-diretriz para civilizar a civilização
Nada é mais difícil de realizar uma civilização melhor. Qualquer decisão que vise suprimir conflitos e desordens, estabelecer harmonia e transparência conduz a seu contrário, e as consequências desastrosas. A civilização de uma sociedade-mundo requer a construção de novas entidades planetárias. A educação terá de reforçar as atitudes de aptidões que permitam superar os obstáculos produzidos pelas estruturas burocráticas e pelas institucionalizações das políticas unidimensionais.
A incerteza, porém, requisita a esperança. A incerteza requer complexificar nossa itinerância com uma dialógica entre desesperança e esperança. Essa dialógica dispõe de seis princípios de esperança na desesperança:

  • Princípio vital - Tudo que vive se auto-regenera numa tensão irredutível para seu futuro.
  • Princípio do inconcebível - Todas as grandes transformações ou criações foram impensáveis antes de ocorrer.
  • Princípio do improvável - Todos os acontecimentos felizes da história foram, a priori, improváveis.
  • Princípio da toupeira - Que cava suas galerias subterrâneas e transforma o subsolo antes que a superfície se veja afetada ( criar as bases, atitudes, ações).
  • Princípio de salvação - Onde cresce o perigo, cresce também o que salva ( um mal necessário).
  • Princípio antropológico - A humanidade se encontra longe de ter esgotado suas possibilidades intelectuais, afetivas, culturais, civilizacionais, sociais e políticas. Nossa civilização não ultrapassou a idade de ferro planetária.
Estes princípios não trazem consigo nenhuma segurança, mas não podemos livrar-nos nem da desesperança nem da esperança. A missão da educação planetária não é parte da luta final, e sim da luta inicial pela defesa e pelo devir de nossas finalidades terrestres: a salvaguarda da humanidade e o prosseguimento da humanização.

Edgar Morin
Emilio Roger Ciurama
Raúl Domingo Motta

Educar na era planetária ( O pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana)



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